domingo, 14 de novembro de 2010

Ilusão ?


É estranho poder contar as estrelas mesmo quando não as vejo. Como se chama isso? não é fobia, não é falta de visão, e muito menos loucura. Chamar-lhe-ia ilusão, nada do que eu vejo, é visto pelos dois, e quem sabe, por mais alguém. sinto-me a dormir, ou a sonhar acordada e não saber o que seguir. Dou por mim a decifrar códigos com mais de 6 algarismos que não servem para nada. Não abrem portas, janelas, caminhos de alcatrão, só terra batida. O mais engraçado é poder olhar para os teus olhos, e sentir aquele calor tão acolhedor, que me faz sentir a rapariga mais sortuda do mundo, só mesmo por te conhecer, só mesmo por te poder ver, só mesmo por ter meros minutos com os meus olhos direccionados aos teus. Se são reflexos que nos culminam, o que é o nosso coração quando fala com o seu tom imperial? como se chamam aqueles rios de lágrimas vermelhas direccionados por todo o meu corpo numa batida de um tambor dançante à voz e à luz do luar?


São tantas as vezes que tento escrever o teu nome no chão, mas nunca fica intacto e para sempre

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Caminho da vitória


Desafio e luto. Desafio e entrego-me. Desafio e não desisto. Desafio o meu ser, e retiro dele o que de melhor tem. Procuro dourar a aura que me envolve e libertar a força que insiste em esconder-se. Revelo me ao mundo e dele nada espero, apenas espero reconhecer-me, descobrir quem sou e qual o meu papel. Vagueio como milhões mas destaco-me como ninguém, faço a diferença do antes e do depois, vingo a minha vontade sem receio e escolho sem apontar o dedo. Largo as vestes escuras e frias e lanço-me. Não vejo motivo para não acreditar na minha caminhada, não vejo motivo para desacreditar no meu interior, não vejo motivo para levantar a bandeira branca. Vejo um ser sensivel, vejo um ser racional, um ser que age com os estimulos, um ser que começa a brilhar, um ser que emerge, um ser forte! A força motriz do meu querer e a vontade de o fazer não dão aso a qualquer atrito, jamais saberei falhar, e falhar jamais constará no meu dicionário. Não espero que o mundo me retribua o meu esforço, mas espero que do meu esforço nasça uma ave, uma ave que voe bem alto e não tema perder as asas. Uma ave cheia de orgulho e de realização. Não quero voar, nem quero ser mais que ninguém, quero apenas sentir que faço parte de mim e que jamais me perderei. Luto todos os dias, e cada dia é menos uma milha para o cume. Tenho forças? Eu sou a força.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

!

Não se ama pelas qualidades, nem por isto ou por aquilo. Ama-se simplesmente, e sobretudo ama-se, apesar deste e daquele defeito... Porque o amor, quando é a sério, sai-nos por todos os poros, até quando estamos calados ou a dormir.
Eu tentei, dei tudo de mim. Mas tu não viraste as costas apenas ao nosso amor, viraste-as à nossa amizade, uma amizade que eu jamais te implorei, que partiu de iniciativa tua. Agora é tarde demais, agora mesmo que corresses atrás do meu caminho eu iria dizer-te que entre atalhos da vida escolhi aquele em que tu não estás presente, porque a tua ausência constante fez-me compreender que o teu sorriso me mata demasiado para conviver com ele diariamente e mata-me ainda mais fingir aceitá-lo tão bem como aceitei o teu coração. São escolhas meu amor, são escolhas na vida que devemos fazer, tu tiveste a liberdade de fazer a tua escolha e eu deixei. Inicialmente baralhaste-me, cruzaste as minhas ideias e fizeram um nó, não na cabeça, no coração. Estavas presente e depois ausentavas-te de repente, como se fosses um soldado. Sempre soube que o amor era uma guerra mas desta eu saí ferida e pisei um campo de batalha demasiado perigoso, do qual tu fugiste ileso, até que te ausentaste de vez, ganhaste a guerra e eu tive que desmanchar o nó que tu fizeste. Mas entre nós e batalhas, o meu coração já não é a tua casa, e sabes uma coisa? Mudei a fechadura.

terça-feira, 22 de junho de 2010

folhas da vida


(...) Não esperava que aquele dia chegasse, mas a verdade é que chegou. O dia da tua partida. Tinha nos imaginado sempre lado a lado um do outro, e agora imaginar-me sem ti, seria como estar em pleno deserto sem água para beber. Tu eras a minha fonte de sede, era de ti que eu precisava para sobreviver. E no entanto, não ligaste ás pegadas que o meu coração seguia, não as seguiste e perdeste-te. Talvez tenha sido a falta de confiança que nos fez chegar ao fim do poço, e que nos tenha posto em caminhos diferentes. Não sei explicar ao certo o que foi. Mas que foi algo, foi. Agora sentada aqui, observo a lua e as suas estrelas, e lembro-me, como era bom quando aqui estavas comigo a fazer o mesmo, e me deitavas sobre ti, e beijavas a minha testa. O teu beijo, sempre foi aquele que me apertava o coração. E que conseguiu criar dependência em mim. O nosso amor foi forte, enquanto durou, sei que o foi. E foi quando juramos eternas juras de amor, que soubemos que isso nunca se concretizaria. Não me perguntes porquê, mas sei que foi assim. Connosco nunca houve causas, nem pontos bases. Apaixonamo-nos, porque era assim tinha que ser. Mantemo-nos juntos, quando era isso que nos fazia bem. E agora estamos separados, porque sempre foi assim que esteve escrito. Não tenho que te culpar por nada. Não faz sentido e não seria justo para ti. Estou agora a escrever-te, porque quero fechar este capítulo da minha vida. E é assim que o quero encerrar, com as palavras que nunca te consegui dizer. Consegui amar-te desta forma, que para mim, hoje nem faz sentido. Mas sei que existiu, e que foi contigo que quis que fizesse o maior sentimento. Não me procures. Não me voltes a escrever. Não voltes ao nosso sítio, porque eu não estarei lá mais. As palavras que disse-mos , esquecias porque não me quero lembrar mais . Os teus presentes queimei-os, sem dó nem piedade, como foi com a tua partida. Conseguiste deixar-me para trás, sem olhar para trás. E foi em ti, ao nosso amor onde fui arranjar coragem para fazer tudo o que fiz. Agora, quando me perguntarem por ti, o que foi feito de nós, e ao nosso amor, ao qual chamavam louco e inconsciente, vou apenas responder, que os nossos caminhos se separaram, e que tu foste apenas mais uma personagem na minha vida e que a peça de teatro continua. Peço-te, por fim, que um dia quando as nossas memórias te assombrarem, te lembres do que um dia me disseste “ Na vida, tudo tem um início, um meio e um fim. O nosso não sei quando será, mas sei que chegará na melhor altura. Lembra-te nada é eterno, mas quando é verdadeiro dura o tempo necessário para se tornar inesquecível.” E é assim que acabo esta última folha do caderno que me ofereceste, no dia em que completamos um dos nossos meses de namoro. As folhas e a tinta acabaram, e com eles acabamos nós também. Hoje abre-se mais, uma nova página da minha vida, noutro caderno com outra caneta de outra cor e eu vou continuar a escreve-la, sem ti. (...)

O texto não é verídico, só quis escrever sobre aquilo que me apetecia.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Choro de cebola


Por uns, um título sugestivo, por outros não, temos pena, como já se dizia à long time ago, não se pode agradar a gregos e troianos. Bem, uma breve explicação sobre isto, é um choro aparentemente sem razão, mas sofredor.

A incontornável lágrima flui pelo rosto já conhecido, por tantas outras já lá passaram, esmorecida pelo destino que vai ter. Pobre lágrima à qual não tem culpa e a quem o destino não lhe merece. . . Tudo por sentimentos, essa palavra que pode ser tão linda, que proporciona momentos de grande felicidade, mas como tudo, tem o seu oposto, por vezes, mais temível que qualquer outra coisa que se possa imaginar. Não conseguimos deixar de tentar, mas ficamos fartos de tantas tentativas fracassadas, desiludidos com a vida, pelo rumo que ela toma, e que nós, como comandantes do nosso próprio barco, somos obrigados a ir. Furiosas são as lágrimas caídas que me levam por estes sítios, lágrimas e mais lágrimas, que provocam mares e rios enfurecidos pelo destino que tiveram. Revoltadas, levam me para um sítio confuso onde só elas percebem, tão nebuloso que me fazem lembrar o porquê de todas as lágrimas caídas.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

« Já sei. Escrevo-lhe um mail. As palavras escritas são mais sérias, mais sinceras, mais certas e ouvem-se melhor. Ele está habituado a falar comigo por palavras escritas. Conto-lhe como tudo aconteceu, explico-lhe como me sinto, e que nunca lhe quis fazer mal, que o guardo comigo para sempre, que, se pudesse, dava-lhe tudo o que ele quer e merece, mas não posso porque não sei. Porque não é isso que eu quero, porque sou feita de outra matéria, e só sei viver avulso, por mim e para mim. Mas que isso não quer dizer que não o tenha amado, que, de certa forma, não o ame ainda. Nunca desejei tanto um homem, nunca me senti tão amada e protegida, nunca dei e recebi tanto, nunca vivi um amor assim. Talvez ele seja mesmo o homem da minha vida, mas não posso abdicar da minha vida para ficar com ele, e ele tem que perceber isso. Ele merece mais e melhor, merece uma tipa que seja dedicada, o que eu não sou, que tenha espírito de família, que eu não tenho, que lhe dê segurança, uma casa, um projecto de vida, e talvez um filho. Agora que penso nisto tudo, tenho tantas coisas para lhe dizer que nem sei por onde começar. Talvez comece pelo fim, pelo prazer enorme que é estar com ele, esta ansiedade quase incontrolável que antecede os nossos reencontros, de o ter, de o agarrar, de ficar horas e horas na cama com ele, a descansar encostada ao peito dele, a ouvir as batidas dos nossos corações até se encontrarem no mesmo tempo e modo. Como ele me encheu a vida e o coração, e me mostrou uma forma completamente nova de ser e de estar, me emprestou uma luz que não conhecia. Como ele sempre foi o mais querido e mais lindo, a melhor pessoa que conheci, apesar dos seus medos, das suas tristezas e das suas infantilidades. Como o seu nome, escrito nos vidros do comboio, quando atravessava a terra à procura de mim própria, me fazia companhia e me guiava como uma bússola, como sonhava com ele e o desejava e tantas vezes o via, sem saber, em outros corpos com quem apenas trocava fluidos e desespero, ainda e sempre à procura de mim, dele, não sei já bem de quê. De como ele me ensinou a conhecer-me melhor, a ouvir-me melhor, a procurar em mim os defeitos em vez das qualidades. Do legado imenso de doçura e paixão que ele me emprestou para sempre. Do seu olhar de menino, das suas mãos morenas, do tamanho das minhas, da sua pele com cheiro a bebé, do seu jeito especial para falar comigo e me suavizar o coração. De como eu gostava, daqui a uns anos, que nos voltássemos a encontrar, de dar-lhe o que agora não posso, não quero, ou não sei. »

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O Belo está na Ilusão


Quero ver o mundo sorrir na minha direcção, gracejar nos meus pés, senti-lo girar debaixo de mim. Procuro ferverosamente subir encostas, escalar serras e montanhas. Chegar ao cimo, sentir o vento acariciar-me, desfrutar do nevoeiro e sentir que ninguém me vê! Sim quero! Deixarei lá a minha marca, para que todos possam saber que eu lá estive. Uma meta outrora traçada, e ansiosamente espero ve-la cumprida. Existe algo mais sentido do que ver uma infinidade de tenebrosas memórias deixadas para trás e que as mais bonitas ficarão para recordar? Sonho bem alto e não tenho medo de cair! É o prazer das coisas mais modestas que me fazem pular no cume, mesmo sabendo que não existe mais a escalar. Não procuro o paraiso, mas sim o meu lugar nas estrelas. Esse sei que existe e que lá estará guardado. Não há vento nem intempérie que me leve daqui! Quando um motivo suficientemente passivel de tentação me chamar, eu voltarei a descer. Mas não descerei como subi. Atirarei me de cabeça, mergulharei num infinito e numa imensidão, sempre na esperança de ganhar asas, aterrar em segurança, chegar cá em baixo e ver que o motivo que me levou a descer estava realmente cá! Mas se descer não voltarei a subir. A minha marca foi já deixada lá no cimo, e procuro agora conquistar, milha por milha, légua por légua, este mundo sujo e ao mesmo tempo belo. É a nossa casa, quer queiramos quer não. Percorremos um caminho que nos levará ao abismo, e tudo o que é bonito se perderá. Sou apenas mais um neste barco, perdido na nebulina, inconsciente da minha presença e do motivo que me leva a navegar. Amo tudo o que me é inerente e respeito o que não o é. Somos senhores do nosso destino, filhos da nossa inocência, cultivamos um futuro, moldado numa unica conveniência. O que nos resta? A Fé? o Amor? Não sei. Prefiro manter-me na minha valorosa ignorância.

domingo, 2 de maio de 2010

- 30 .

Existem diversas imagens com sons próprios , capazes de transformar cada mentalidade , fraqueza , e força . Essas , não são meras imagens , nem meros sons , são o que nos destingue , o que nos chama á razão , e á emoção . Movemo-nos atravéz delas , fitamos o nosso olhar entra as mesmas . Escorregamos , levantamo-nos e continuam sempre presentes na nossa vida. Não são confusas , até são bem claras , mas garanto-te , que a minha é bastante complexa e rara . É verdadeira . É a unica que te faz levar a mundos distantes e impossiveis de alcançar . A unica a que me leva a outro mundo , a um mundo desconhecido . São imagens , são sons , são. São isso e muito mais . Com elas ? Bem , com elas, expressamos o que sentimos , desejamos e o que nos atormenta . Despejamos lágrimas em papéis ensaguentados de memórias . Sofrimentos e felicidades descritas . Sim . Somos capazes de explicar o inexplicável aos nossos olhos . Somos capazes de agarrar no coração e dá-lo a outra pessoa , aquela , aquela pessoa , a que está dentro de ti , a movimentar as tuas células incontrolávelmente . É capaz de fazer-te cair , desejar desaparecer , e ferir. É capaz de fazer-te chorar , de idealizar o prazer e ainda o ler . É capaz de tudo , visivel aos nossos olhos e ouvidos . É com uma caneta que a usas . É com a boca que a despejas . É com o teu sentimento que as sentes . É a palavra ? Não . Neste caso ... são . São as palavras . As que digo , escrevo e sinto . As que delimitam o meu objecto real . O meu coração .

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Gestos

várias interpretações , vários significados , vários pontos de vista , o meu , esse o meu que não é determinante , o meu que nao tem nem deve afectar um outrem . Tem o meu significado , a minha causa , a minha liberdade . Eu entendo-o , porque o fiz , entendo-o porque é parte de mim , não porque estou fora de assistir (..) Gestos são letras , palavras perdidas no tempo e na esperança . Gestos que valem mais que qualquer outra simbologia , que qualquer outra chuva. São gestos que nos marcam , que nos invadem por dentro da camisola , passando pela pele arrepiada e nos perfuram o peito . São gestos que nos fitam o olhar , a nossa esperança e saudade. São apenas gestos que fazem a diferença , no gigantesco mundo fanático que nos absorve .

terça-feira, 27 de abril de 2010

Angustia encantadora


Acordo subitamente, naquela manhã que vejo diariamente. Sinto o meu corpo humido e a minha cabeça parece rodopiar interruptamente. Pelos buraquinhos da persiana entram os feixes de uma luz, ainda timida, de um dia que promete ser alegre. Será mesmo? Nem um momento passou e, num abrir e fechar de olhos, começa a chover. O barulho da chuva preenche todo o meu quarto, e logo a vontade de correr para a janela se desvanece. Permaneço deitado na unica entidade que me consola, apesar de não passar de uma peça de mobiliário. Vejo passar cada minuto do meu relógio sempre na esperança de ve-lo correr mais depressa. Observo incompreensivelmente o branco do tecto, e rapidamente viajo numa reflexão que diariamente me acompanha, uma reflexão que deveria resolver as mil e uma coisas que me pesam e que não me deixam levantar. Num ciclo de pensamentos, surge um que todos os dias me faz levantar, quase repentinamente. O meu coração projecta no tecto uma imagem estranhamente fascinante. Transmite um sossego e uma tranquilidade estupendas, uma simplicidade unica, e transparece uma beleza confundivel apenas com a beleza da natureza. É a tua imagem! Num acto brusco e alarmante levanto-me, corro em direcção ao armário e procuro a roupa mais bonita e carismática que me emaranhe e me faça sentir num pedestral suficientemente alto que possa chamar a tua atenção. Desloco-me de forma tão elegante e tão certo das minhas decisões que o próprio vento faz questão de me levar ao meu destino. Chego tão entusiasticamente que deparo-me com o portão da escola fechado. Uma imensidão de pasmacidade invadiu-me, as pernas e os braços tremiam como se estivesse gelidamente numa arca. Sentia que estava num lugar que não era o meu, parecia que tudo estava descontextualizado, e imediatamente tentei perceber a situação. Ao fundo da rua, avistei um sujeito de capuz e bengala, deserguido perante a vida, que vinha no passeio contrário. Levantei o braço e, timidamente, chamei por ele. Uma, duas, três vezes! não obtive resposta. Quando se encontrava paralelamente a mim, o sujeito cruzou a rua e seguiu a minha direcção. Senti uma amargura tremenda da cabeça aos pés enquanto ele se aproximava. -Posso ajuda-lo? abordou-me serenamente o homem. Rapidamente voltei a ganhar consciência de mim e, friamente, perguntei lhe: - Tem horas que me diga? Um silêncio serrado e estranho abateu-se sobre nós e, finalmente obtive uma resposta. São 5 da manhã rapaz. E seguiu o seu caminho. De um momento para o outro a chuva intensificou-se, um vazio irrompeu por todo o meu corpo. Um sentimento de incompreensão e de angustia consumia-me! Perdi completamente o norte e uma imensa dor tomou posse de mim. Voltei para casa, cabisbaixo, encharcado da chuva e das lágrimas petrificadoras da minha tristeza. O meu consciente não aceitava os factos e, por mais que chora-se, a minha alma continuava suja. Enquanto a minha mente me culpava, o meu coração reivindicava uma culpa alheia, culpa essa inerente a uma paixão que há muito ansiava florescer. Era o amor, o culpado da minha dor e das minhas artrocidades. Voltei a deitar-me no consolo dos lençois que amarravam e amparavam a minha magoa. Ansiava desesperadamente pelo sono que, intimidado, fugia de mim. Olhei para o relógio, que contava 15 para as 7. Num demorado e progressivo reconforto, voltei a situar-me e o sono teve a cordialidade de me fechar os olhos. Não encontro a chave que te libertará do meu coração nem o argumento da minha própria razão. Será mesmo isso que procuro? Não sei. Sei apenas que sofro por ti, mesmo mostrando o lado risonho do sofrimento. Estou numa angustia encantadora, amarrado na expectativa, de poder fazer de ti, a mulher da minha vida.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Não há obstáculo que se oponha ao destino!



Sinto-me preso no meu proprio enredo, sem armas para escapar. Conto apenas com as minhas próprias forças. Onde estão elas? Estou sozinho, desamparado, frágil! Durmo sobre a minha própria consciencia, numa teia montada por mim sem saber por onde escapar. Olho para o céu e procuro a estrela mais brilhante, aquela que me dará o norte e me levará ao mar. Porque o mar? É no mar que procuro afogar os pensamentos e esperar que a brisa leve o inconsolável... mas não. A brisa faz questão de devolver, aquilo que eu quero esquecer. As ondas batem nas rochas tão intensamente como bate o meu coração. Procuro nas nuvens uma explicação, mas nem as nuvens me dão essa solução. Ali fiquei. Sobre mim a noite debruçava-se. Inquieto e fatigado, tento escutar o que o mar me diz, mas do mar ouvem-se apenas as frias e salgadas palavras de uma paixão à muito desvanecida. Debruço-me sobre a água na esperança de ver o meu reflexo. Mas não é o meu reflexo que vejo. Vejo sim o reflexo das estrelas, e numa constelação, vejo os teus olhos. Um calafrio percorre o meu corpo, que me faz gelar completamente! Não consigo desviar o meu olhar, algo me prende, algo não me deixa sequer respirar ! Subitamente deu-me uma vontade de mergulhar e nunca mais voltar. Lá no horizonte, uma luz intensa lança-se sobre mim! Estou completamente cego. Á memória vêm as recordações de uma vida a teu lado. De uma vida de prazer e fidelidade. De uma vida sublime, envolta em felicidade! Inesperadamente, a luz desvia-se para leste. Olho novamente para o reflexo dos teus olhos. Questiono-me com mil e uma perguntas, mas de nenhuma obtenho resposta. Sinto-me impotente e desvitalizado. Pelo meu rosto correm as lágrimas sedentas de angustia e inconformismo. Haverá esperança? Nem sei o que isso é. O meu coração projecta no olhar, uma paixão que não tem volta a dar. É o fim. Corro desesperadamente e, ao mergulhar, sinto que a água se tornou muito espessa e dura. Afinal tinha mergulhado na areia. Num ápice, olhei para o céu e procurei a razão do sucedido. Incrédulo, vislumbro apenas uma estrela, intensamente brilhante, que indicava uma direcção contrária ao mar. Diacrónicamente, do cimo das dunas ouço um chamamento timido, confundível com o som do mar. Mas ouço. Sigo então apressadamente, rumo à direcção inerente ao sussuro que ganhava cada vez mais força. Ao chegar perto das dunas, sobre elas nascia o sol, que me cegava fortemente e escondia de mim o que pela primeira vez me despertava curiosidade. Caio de joelhos, e coloco as mãos sobre a cara, e novamente as lágrimas escoam pelo meu rosto. Quando finalmente recupero a visão, eis que sobre mim, um vulto se sobrepunha. Senti um calor abrasador que me consumia inexplicavelmente. Num momento, senti poisar no meu ombro uma mão, como se de uma gaivota se trata-se, e que me arrefecia lentamente. Num acto brando e determinado, levantei a cabeça. Vi novamente os teus olhos, mas agora carregados de alento e ternura. Percebi progressivamente que estavas ali, mesmo à minha frente. Ergui-me perante a tua presença e, num acto de instinto e de compulsão, lancei-me nos teus braços e mergulhei nos teus lábios. Sabia que me estavas a conceder a oportunidade, não de refazer, mas sim de viver.

Vamos fugir da memória, seguir um novo rumo, construir uma nova história!